9 de set. de 2010

Bons Tempos: Infernal

Por Felipe Leite

Como todos sabemos, a década de 80 foi muito especial para o metal nacional. Foi nesse período que surgiram nomes importantes como Sepultura, Sarcofago, Dorsal Atlântica, Taurus, Chakal, Korzus, dentre tantas outras. Embora o grande foco da cena estivesse na região sudeste, mais especificamente no Rio de Janeiro, São Paulo e especialmente Minas Gerais, outros estados nos presentearam com grandes e lendárias bandas que viriam a fazer muita história e representar de forma honrosa o metal tupiniquim.

Surgida no ano de 1986, em Curitiba, sem dúvida o Infernal pode se considerar um dos nossos grandes representantes do Death Metal em nosso país.

O quinteto formado por Paulo (vocalista), Marcelo dos Anjos (guitarrista), Danilo (guitarrista), Covero (baixista) e Jonas (baterista) mostrava em seu som fortes influências da cena alemã e outras bandas mais extremas da época como Possessed e Slayer.

A banda começou desde cedo a trabalhar em composições próprias e tocar em bares da região sendo o seu shoe de estréia a abertura para os paulistas do MX na turnê do album "Simoniacal" em 1988.


Em 1989 os curitibanos lançam sua primeira demo tape, "The First Stage" que continha cinco faixas que fazem dessa uma das melhores demos nacionais que já tive a oportunidade de escutar. Apesar da grande falta de recursos da época e da baixa qualidade na gravação "The First Stage", gravada e produzida pela própria banda, se tornou um material de grande repercursão e fortemente cultuado por muitos headbangers na época devido a qualidade de suas composições e toda a polêmica da musica "Brazoo" fortemente criticada pela revista Rock Brigade por conter a frase "Speak portuguese and die" devido ao aspecto nacionalista da mesma.

Meu destaque pessoal fica por conta da excelente Reincarnation que se inicia com uma levada cadenciada antes de cair em uma pancadaria veloz com excelentes riffs indo mais no thrash metal e as também ótimas "Vote for Pope" e "Torture" com uma levada totalmente voltada para o heavy metal tradicional.

A década de 90 começa de forma muito produtiva para o Infernal. A banda continua a fazer suas apresentações sendo várias delas no pequenino TUC (Teatro Universitário de Curitiba localizado na Galeria “subterrânea” Julio Moreira, no Centro, com capacidade para 100 pessoas socadas) onde a banda conseguiu encher a casa em todas as oportunidades além de shows fora de Curitiba que se tornavam cada vez mais frequentes.

No mesmo ano a banda também ganha participação em uma coletânea intitulada "Vampiros de Curitiba" lançada em LP com a canção "Fear Of Death". A coletânea chama a atenção por não ser uma coletânea de heavy metal, mas focada em vários gêneros do Rock.

Foi também nesse ano que a banda gravou sua segunda demo: "Cathedral of Despair". Essa por sua vez continha três faixas e mostrava um maior direcionamento para o Thrash metal em seus quase 16 minutos de duração. Meu destaque fica por conta da faixa "False Fanaticism" que abre os trabalhos.


O EP "Of Weakness and Cowardice" saiu em 1991 de forma independente e foi o primeiro material prensado em vinil do Infernal. Ainda com elementos de thrash metal mas bem mais voltado para o Death a banda mostra ainda mais profissionalismo como pode se observar nas três faixas desse petardo do metal Curitibano. O material, lançado no formato 7'EP, foi prensado não apenas no brasil mas inclusive fora do país o que deu grande projeção para a banda.

Em 1992 já com um grande número de composições novas, após a entrada do guitarrista "Juba" e a saída do vocalista Marcelo Paulista, substituído por Marcelo Koehler (que fez sua estréia em um show em Sorocaba) a banda começa a trabalhar em seu primeiro full lenght. Já com mais recursos, mas sem uma gravadora (a banda sempre preferiu trabalhar de forma independente) foi lançado em 1994 aquele que é um marco no Metal curitibano e nacional: "Drowning in the Chalice of Sin".

O álbum que conta com 10 faixas teve seu lançamento no Brasil, Europa e Japão trazendo ainda mais repercussão ao Infernal. O álbum dessa vez soando totalmente voltado para o Death Metal abre de forma agressiva e direta com a violenta Smash the Enemy seguida da também ótima Blood Rain que mostra uma ótima levada de bateria e um refrão mais cadenciado. O disco ainda possui outras músicas grandiosas como Morbid Dream, Eternal Battle, Insurrection Day e a faixa título.
Após o lançamento do debut o Infernal começa a passar por momentos mais dificeis devido as frequentes mudanças de line up além da falta de apoio. As apresentações se tornam mais escassas e a banda diminui suas atividades dando uma diminuída em um ritmo de crescimento que só vinha crescendo.

Durante esse período a banda ainda lançou mais duas demos e em 2000 mais uma participação em outra coletânea intitulada "The Winds Of A New Millenium Vol 3".


Entre Julho e Setembro do mesmo ano entram no Estúdio Clínica para gravar seu segundo disco: "Ritual Humiliation".

"Ritual Humilhation" lançado em 2001 pela "Jethro Songs" (embora o disco tenha sido lançado por esse selo, a banda não possui nenhum contrato com o mesmo) possui treze excelentes faixas de um Death Metal extremamente pesado e rápido sem perder as raízes.

O CD possui excelentes canções como "Absent Light", "Unholy Life" e "Cities of Horror".

No ano seguinte ainda saíria de forma independente o registro "Anthological Humiliation", uma compilação que contém o EP "Of Weakness and Cowardice" , o debut "Drowning in the Chalice of Sin" e uma demo lançada em 1997. Ainda em 2002 a banda consegue realizar a bem sucedida turnê européia "European Ritual 2002" em que a banda recebeu ótimas críticas e uma ótima resposta em solo estrangeiro. Essa turnê rendeu o album ao vivo "European Ritual" lançado em 2003 (com o áudio captado de vários vídeos gravados pelos shows no velho continente).


Em 2006 a banda faz uma participação no programa Ciclojam da TV Futura (Canal Lumen) no qual apresenta ao vivo algumas de suas músicas e em que os integrantes falam sobre a carreira e história do Infernal (vídeo do programa pode ser conferido abaixo)

Em 2007, novamente de forma independente, a banda lança seu primeiro registro em vídeo "Rehearsal Video", lançado em CD e DVD.

A banda também ficou famosa nessa ultima década ao inovar tendo substituído a guitarra por um violino elétrico de 6 cordas.

Até que ocorre um fato extremamente triste para a história do metal paranaense. No dia 18 de Agosto de 2008, numa segunda feira, faleceu o vocalista Marcelo Koehler, vítima de complicações cardíacas. O vocalista que havia passado mal no sábado de manhã chegou a ser internado mas não resistiu.


O Infernal acumulou ao longo de seus anos mais dificeis várias composições nunca lançadas até hoje.
A banda continua em atividade, atualmente com Danilo (Violino, Guitarras), Hernan (Baixo), Marcos (Vocal) e Allanderick (Bateria).

9 comentários:

Anônimo disse...

Massa. Infernal sempre foi uma das minhas bandas prediletas aqui de Curitiba. Sem contar que os caras sao torcedores do meu time de coraçao tambem. O Danilo é muito sangue-B. O Hernan, atual baixista, é brother tambem.

Otima banda

SDS
GUSTAFAH TERRORZONE

Giardino disse...

Ótima Matéria! Parabéns!

Anônimo disse...

ótima mesmo... parabéns pela matéria...
Curti bastante

Anônimo disse...

Esta apresentaçao no Ciclojam, se nao me falha a memoria, foi em 2003. Em 2006 nao foi. No mais, sensacional materia, de uma das bandas mais fodas que existiram (digo no passado pois eles estao 'sumidos' faz um bom tempo) na nossa cidade.

Unknown disse...

Pena não ter material da 1ª formação

Unknown disse...

Tem conteúdo aí, Nivaldo? Manda pra cá que a gente publica.

Unknown disse...

Obrigado pela curta historia contada aqui, muito bom lembrar velhos tempos, e dito por outras pessoas tem um significado maior, abraço. COVERO.

Rafael disse...

Essa banda mudou definitivamente minha vida! Conheci aos 12 anos, comecei à frequentar os ensaios na casa do Danilo e cheguei à montar um fã-clube. Tive uma namoradinha no Cristo-Rei que nunca mais vi, nós dois usávamos camiseta da banda com o cálice na frente, o pessoal chamava de 'casal Infernal' hehe Feliz quem viveu...

Anônimo disse...

Época boa. 1991, Atravessava o Largo da Orden e ia na Juke Box discos. Vi um show do Infernal em Joinville em 1992.

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