28 de jul. de 2010

Bandas que não gosto mais: Sepultura

Por Vito Cuneo

Nossa segunda banda é muito conhecida na cena metal brasileira, os mineiros do Sepultura são um belo de exemplo de metarmofose sonora. Eu já fui um grande fã da banda, tive vontade de tocar bateria depois de ver um clipe ao vivo da "Territory", isso em 1995 ou 1996, não lembro ao certo. Anos mais tarde formei um Sepultura cover e por pouco não mandei a tattoo do tribal em "S", não fiz a tattoo devido às incertezas da trajetória da banda. Então vamos começar:

Em 1985, formada pelos garotos Max Cavalera (guitar e vocal), Jairo Guedez (guitar), Paulo Xisto (baixo) e Iggor Cavalera (batera) a banda inaugura sua carreira com “Bestial Devastation”, no formato Split LP com "Overdose". A capa desenhada, mostra um diabo destruindo uma igreja e as músicas soam como um Death Metal, algo parecido com Hell Hammer e Celtic Frost. Nada muito definido, percebesse que é uma banda de garotos, apenas isso. Segundo a biografia oficial da banda, esse LP foi gravado em 2 dias, mas essa gravação contém músicas que marcaram a história da banda, como Necromancer.

No ano seguinte, 1986, é lançado o “Morbid Visions”, esse pela Cogumelos Records. Esse álbum contém 8 músicas ainda no estilo Death Metal (a própria banda declarou que não tinham domínio do inglês e negligenciavam a afinação das guitarras). Mais tarde a gravadora lançou esses 2 primeiros álbuns juntos.

Em 1987 mudanças, começando pelo estilo, o álbum “Schizophrenia” mostra uma pegada Thrash Metal, na formação também, sai Jairo (guitar) e entra ninguém menos que o paulista Andreas Kisser (guitar). Esse é um clássico, "Escape to the Void" e a regravação da "Troops of Doom", são os destaques. Na biografia oficial, tem informações que nessa fase os nem então garotos, já se preocupavam com o som. Iggor fazia aulas de batera e as guitars eram afinadas. Agora sim o lance é levado a sério.

Em 1989 um grande salto. “Beneath the Remains” gravado pela Roadrunner Records, faz a banda estourar, na minha opinião. Scott Burns, que já havia produzido registros de metal extremo na Flórida, de bandas como Obituary, Death e Morbid Angel, foi o escolhido para trabalhar com os garotos. Nessa fase a banda apresenta um estilo muito mais técnico, com letras mais profundas e temas mais inteligentes. O estilo passa a ser um Thrash Metal rápido e agressivo e as letras tornam-se mais politizadas e críticas. Destaco, com méritos, "Beneath the Remains", "Inner Self", "Stronger Than Hate", "Mass Hypnosis", "Slaves of Pain" e "Primitive Future". Na biografia da banda, tem um relato no mínimo curioso. O batera Iggor chegou a dormiu abraçado com a capa do disco, enquanto escutava o mesmo na vitrola.

Em 1991 ganhamos um verdadeiro presente, “Arise” é a obra-prima da banda. O quarto álbum recebeu muitas críticas positivas no mundo Metal. A turnê de promoção do álbum passou por 39 países entre 1990 e 1992, totalizando mais de 220 shows. Neste período a banda ganhou disco de ouro na Indonésia, sua primeira certificação internacional. Ao final da turnê o álbum já tinha alcançado a marca de 1 milhão de cópias vendidas no mundo, nessa tour produziram o "Live Barcelona". Neste álbum nota-se uma incursão de experimentos com música latina, industrial e hardcore, todavia ainda mantendo uma base thrash metal. Destaco "Arise", "Dead Embryonic Cells", "Desperate Cry", "Subtraction", "Altered State", "Infected Voice" e a cover do Motorhead "Orgasmatron".
 
Em 1993, começam as mudanças, já anunciadas. “Chaos AD” é o álbum divisor de águas. Mantendo a qualidade na produção, a banda lançou vídeos clipes de "Refuse/Resist", "Territory" e "Slave New World", sendo esses os principais destaques do álbum, que também contém covers; "The Hunt", do New Model Army e "Polícia" do Titãs. Vale a pena destacar também "Propaganda" e a versão electro da "Chaos BC". Em 1994, depois da final da Copa do mundo do mesmo ano, Sepultura e Pantera estavam em tour pelos Estados Unidos. Essa é a melhor fase da banda, poderiam ter parado, ou melhor, mantido essa pegada.

Em 1996 a banda é outra. “Roots” marcou época, pois realizou uma forte fusão do forte som da banda, com música brasileira e outros experientalismos, a banda, que sempre utilizou-se de influências da música brasileira, nunca o havia feito em tão alto teor como neste álbum. Duas músicas "Itsári" e "Jasco" foram gravadas em uma tribo xavante, e "Ratamahatta" conta com a participação do cantor brasileiro Carlinhos Brown. Esse álbum não agradou aos fãs, mas fez com que o Sepultura conquistasse novos fãs, principalmente nos Estados Unidos. Começava aí a onda new metal. São 16 músicas, entre elas 2 covers, "Procreation (Of the Wicked)" do Celtic Frost e "Symptom Of The Universe" do Black Sabbath. Das músicas inéditas, podemos destacar "Roots Bloody Roots" e "Attitude", que são músicas pula-pula. A ideia do álbum até que é boa, mas as mudanças são gritantes; Max Cavalera de "dread", Igor Cavalera corta o cabelo e vira uma espécie de cristão metal, não atende mais pelo apelido Igor Skullcrusher, não existe mais aquela fase malária, o cara já é pai, enfim, lembro-me da capa da Metal Head, quando anunciaram a saída do Max, "Sepultura tem o futuro?", pois é, não é novidade. Ao final de turnê, Max Cavalera não fazia mais parte da banda. Max já dividia seu tempo com Soufly e Nailbomb, projetos paralelos.

1998: álbum novo e vocalista novo. “Against” é o nome do álbum e Derrick Green, ou negão como eles mesmo o chamam é o novo front man. Sepultura não soa em nada com que fazia no iníco da década. Derrick não toca guitar, e consequentemente a banda muda seu som, algo bem parecido com Hard Core norte americano. Afinal, o novo vocal é novayorkino. Podemos destacar "Against" e "Choke", que o Sepultura costuma tocar muito ao vivo. Nessa tour, eu vi o primeiro show da banda, no antigo 1250 Estúdio, que ficava na Av. Paraná, onde hoje é um mercado.

Em 2001, é lançado “Nation”, o último álbum da banda lançado pela Roadrunner Records. A turnê desse disco foi iniciada em 19 de janeiro do 2001, no festival carioca Rock in Rio 3 e eu estava lá. O show virou inúmeros bootlegs sob o nome de "Nation Live" e eu também tenho um. A ideia de fazer uma nação sepultura como Andreas Kisser gritou na cidade do Rock, parece que não vingou. Para não desprezar o álbum, destaco "Sepulnation" e "Revolt", que também são músicas que a banda toca ao vivo. O álbum tem 20 músicas, claro com covers, "Bela Lugosi's Dead", do Bauhaus, "Annihillation", do Crucifixion, "Rise Above", do Black Flag, mas essas só foram disponibilizadas na versão nacional.

Os próximos anos posso resumir em um único parágrafo. Ano de 2002 é lançado o ao vivo “Under a Pale Grey Sky”, mas o Sepultura não considera esse álbum um lançamento oficial. O setlist do CD é ótimo, lembra muito a fase do Max Cavalera. Em 2003 é lançado “Roorback”, o nono álbum de estúdio e o primeiro com a SPV Records. Posso destacar "Come Back Alive", "Godless", "Apes of God" e mais uma cover "Bullet the Blue Sky", do U2. Com exceção das músicas, nenhuma novidade, as composições são cada vez mais enraizadas no HC. Parece que a banda agrada alguém em algum lugar do mundo, pois não mudaram o som. Em 2005 mais um álbum ao vivo, “Live in São Paulo”, gravado no Olímpia, em São Paulo, para a comemoração dos 20 anos da banda, e contou com diversas participações especiais. Em 2006 é lançado o “Dante XXI”. É completamente baseado na obra "A Divina Comédia", do poeta renascentista italiano Dante Alighieri. O álbum recebeu disco de ouro no Chipre, o primeiro desde o álbum "Roots". Nada mais a declarar, para não repetir os comentários anteriores.

Para fechar, 2009 é lançado o álbum “A-Lex”, o décimo primeiro álbum de estúdio. Alguma surpresa? Sim, Iggor Cavalera deu lugar ao Jean Dolabella. Atualmente Igor está no Cavalera Conspiracy, com o seu irmão Max. Vale a pena escutar essa banda, eu gostei do barulho. Mas voltando ao disco, todo o álbum é inspirado na obra "A Laranja Mecânica" (1962), de Anthony Burgess, seguindo a linhagem do “Dante XXI”. Bom, esta crônica ficaria incompleta se eu não citasse que neste mesmo ano, a banda veio à Curitiba, em outubro, e tocou no Curitiba Master Hall, juntamente com o Angra. E eu estava lá. Nada mudou minha opinião, apesar que o Sepultura fez um grande show, tocando as clássicas como "Escape to the Void" e "Beneath the Remains" na íntegra, mas não é a mesma coisa. Para finalizar, nos velhos tempos de Belo Horizonte, Max dizia que Sepultura é Sepultura e o resto é rapa-dura, hoje não é bem assim. Sepultura entrou na onda do Mainstream e não sai mais.

9 comentários:

Giardino disse...

Sepultura entrou na onda do Mainstream e não sai mais.
Concordo Plenamente!

Unknown disse...

eu nunca fui muito fã de sepultura, pra falar a verdade. mas acho muito legal ler uma crônica dessas, porque, afinal, é a visão de alguém que já tocou cover da banda. Parabéns pelo texto Vito. os fãs do "novo" sepultura é que não devem ter gostado muito...

Marcelo TRUE disse...

Sepultura já foi foda.

William Child O' Flames disse...

Realmente,Sepultura já foi foda.Atualmente continuam uma banda de musicos criativos, mas as músicas não são boas como as antigos... (meu preferido deles é o Dante XXI)

Anônimo disse...

O Beneath The Remains é um dos top 5 discos de Thrash Metal de toda historia, sem duvida. Na real a banda mudou no Chaos AD e mudou muito no Roots. Na turne do Chaos as musicas ja eram tocadas de outra forma ao vivo. As levadas eram muito mais para a velocidade, do que para o peso. Uma pena, pois o Sepultura era sim uma das maiores bandas do metal. Hoje em dia está uma caricatura de banda.

Seria massa uma reuniao ??? Quem sabe, mas com certeza os caras nao iriam mais tocar com aquela pegada dos 3 melhores discos deles, que foram SCHIZOPHRENIA, BENEATH THE REMAINS E ARISE...

FICA 1 ABRAÇO

GUSTAFAH (que um dia, tambem fez parte do Sepulcover junto com o Vito) TERRORZONE

Vito Cuneo disse...

É Gustafá, bons tempos do Sepulcover. Mas na verdade, a fase metal malaria é muito melhor.

abraço

Renan Lopes - Re. Low! disse...

Até para quem não é fã do Sepultura, vê a diferença de antes para agora. Realmente nos remetermos no tempo, os caras eram mais pegada, paulera, quebração! O que me faz gostar hoje em dia é que ganhei uma paleta do Andreas e tomei umas cervejas com ele em duas oportunidades!

Vito Cuneo disse...

A Renan, sai daqui velho.. hehe

Anônimo disse...

Só duas coisas. Under A Pale Grey Sky não "lembra" a fase Max Cavalera. Ele foi gravado na fase Max Cavalera. É o registro do último show com ele. E na época da saída de Max da banda (96) não havia mais o Nailbomb.

Postar um comentário