21 de set. de 2010

Entrevista com Redtie: atrás do sonho

Por Vito Cuneo

Temos em Curitiba uma banda, que com pouco mais de 3 anos, já gravaram um EP e um CD, por isso é claro, já estão na cena metal com todas as honras. Essa semana conversamos com o Edgar Serrato, baixista da banda Redtie. Confira nosso papo sobre o surgimento e o futuro da banda, e claro, sobre a cena metal da Capital.

VC - Redtie surgiu depois da "quebra" da banda Crehate. Conte sobre o inicio da banda.
Edgar: Isso mesmo... logo após o quebra, eu e Rodrigo (Rodrigo Portela – então guitarra solo) iniciamos o projeto que culminou com a formação do REDTIE. Não me recordo perfeitamente mas acredito que foram cerca de 6 meses até o primeiro ensaio. Ainda não tínhamos nem nome e somente 3 musicas, sendo 2, minhas composições da antiga banda. Montamos inicialmente um Power Trio (eu, Rodrigo e Luciano Moraes – batera do Deathning, outra banda do Rodrigo). Eu fui vocalista neste inicio, mas alem de não curtir muito a idéia de cantar faltava um pouco de coordenação para cantar e tocar ao mesmo tempo (risos) acho que os primeiros passos do REDTIE foram estes.

VC - Então, como foi a seleção para o primeiro vocal?
Edgar: Acho que podemos considerar o primeiro vocalista da banda sendo o Guga (Sad Theory). Nos encontramos em uma palestra que eu estava dando e, depois do evento ficamos trocando idéia, até que ele mostrou interesse no nosso projeto e marcamos um ensaio. Foi quando lançamos nosso primeiro trabalho (ep – Ultraviolence). Somente tivemos que substituir o meu vocal pelo do Guga, já que este trabalho já estava pronto. Foi neste momento que estreamos nos palcos. Nosso primeiro show já foi ao lado do Krisiun e Amen Corner, o que nos deixou bem empolgados neste inicio de trabalho. Mais alguns shows rolaram, ate que por problemas de tempo o Guga precisou sair do projeto. Até acharmos um novo vocalista o Guga continuou nos vocais para fazermos shows. Os testes para novo vocalista levaram bastante tempo, ate que encontramos o Alex Neundorf, que é nosso atual vocalista. Fizemos alguns shows com ele, sobretudo em Santa Catarina (lugar fantástico para tocar). Também foi com esta atual formação que gravamos o nosso primeiro álbum “since 1893” que atualmente esta em processo de mixagem. Tivemos recentemente uma pausa nos shows devido ao acidente de moto com o nosso guitarrista Rodrigo Portela, mas já estamos com novos shows na agenda.

VC - Podemos falar mais desse assunto? Mesmo que seja passado, como foram as decisões sobre nome da banda, uso do logo e das musicas?
Edgar: Claro... a nossa saída desta banda foi um pouco conturbada e as conversas foram poucas. Em resumo, somente o logo e as músicas que compus inteiramente foram sacadas do set e divulgação deles. As músicas feitas em parceria e algumas letras minhas continuam com eles, mas sem problema algum, afinal foram trabalhos que fizemos juntos! Dentre as músicas que compus e saíram do set deles, esta a música Red Tie.

VC - Bom, vamos falar do presente. O que significa o nome Redtie e quais temas a banda abrange em suas composições?
Edgar: Ainda durante o trabalho anterior li um artigo para faculdade falando sobre a Guerra de Canudos e a prática de execuções sumarias por meio de uma técnica chamada de gravata vermelha (em nosso myspace tem um texto explicando certinho isso), achei legal por dois motivos: a violência física e psicológica desta forma de excussão e, o mais importante, uma boa referência dentro da história do Brasil. No mesmo dia que li o artigo já compus a música e fiz a letra. Por fim, quando iniciamos o REDTIE, esta referência nos pareceu uma boa idéia, já que a nossa proposta temática enfatiza a historia do Brasil, sobretudo estes momentos de nossa história que nos levantam questionamentos e reflexões. Logicamente não estamos restritos somente a estas temáticas, o cinema (música Ultraviolence), a literatura mundial (Divine Punishment) entre outros temas também estão presentes. Neste quesito, a questão primordial para o REDTIE é incentivar a reflexão  sobre nosso passado e construções culturais, alem de mostrar – para quem não conhece – um pouco mais da nossa história. Devemos lembrar que o metal é uma linguagem universal e no resto do mundo a historia do Brasil não tem ampla divulgação e receptividade.

VC - No inicio da banda, vocês se intitulavam "Speed Thrash metal", atualmente vocês já adotam o tradicional Thrash Metal. O que mudou? Quais as influências e como vocês definem o som da banda?
Edgar: De inicio nossa proposta era esta mesmo, mas com a formação da banda e entrada de novos integrantes isso acabou mudando um pouco. Mais do que thrash, acredito que estamos fazendo um thrash death metal. Isso aconteceu por meio destas novas contribuições. Assim como o Rodrigo, o Ricardo e o Luciano também possuíam projetos voltados ao death metal (Deathning). Sendo assim, no decorrer do processo de composição estas influencias vieram a tona. Acho que o atual som que fazemos esta bem dosado entre o thrash e death metal, estilos que acabam se completando e dando a agressividade e velocidade que não ficam longe da proposta inicial do speed metal. Sempre fui mais voltado ao thrash, mas agora também estou bem atento ao death, o que aumenta consideravelmente o leque de possibilidades de composição.

VC - Vocês usam o metal como profissão ou apenas diversão?
Edgar: Acho que podemos falar em um hobby levado a sério. O REDTIE não nos possibilita (ainda) um retorno financeiro, mas nosso projeto prevê ao mínimo a auto-suficiência da banda em médio prazo. Todos integrantes tem seus empregos, mas de certa forma, também encaram o REDTIE com a mesma responsabilidade de um “emprego”. A seriedade neste trabalho é ponto primordial e é por este motivo é que trabalhamos sério no que se refere a este projeto. Fazer som próprio e criar um nome demanda um trabalho mais detido. Porem, o que não podemos perder de vista é a diversão que a banda proporciona. Aquela idéia que tínhamos aos 13 anos de ter uma grande banda de metal, fazer shows e (risos) ainda esta presente. O gosto de estar em palco fazendo um som é algo fora de série, e sempre será. Por fim, não tiraríamos dinheiro do próprio bolso se a diversão não existisse. Quem sabe um dia poderemos até encarar o REDTIE como uma única profissão!

VC – Mas então qual é a ocupação da banda? Você eu já sei, pois estudamos juntos na graduação. Mas e o outros caras?
Edgar: É mesmo, bons tempos! (risos). O Alex também é professor de história como nós, e já esta com o doutorado em andamento e lecionando. Inclusive conheci o Alex quando fazíamos mestrado na UFPR. O Ricardo acabou de se formar como cirurgião dentista, o Rodrigo é instrutor de autoescola (e também professor de musica) e, o Luciano, cria projetos de engenharia elétrica.

VC - Como vocês fazem a divulgação da banda?
Edgar: Internet! Hoje o meio virtual é com certeza a melhor forma de divulgação, sobretudo as redes sociais, que estão em alta dentro do contexto contemporâneo das comunicações. Nosso projeto de divulgação já esta bem construído, somente nos deparamos com as dificuldades de tempo para tal empreitada (trabalho, família, etc). A idéia é apresentar a divulgação do REDTIE de forma integrada e padronizada por meio de varias e diferentes frentes. O myspace se apresenta como o carro chefe, ficando o Orkut, face book, twitter, fotolog, etc, como de divulgação direcionada para o myspace. Ainda temos dúvidas se um site do REDTIE teria o mesmo efeito e/ou visitas que o myspace. De qualquer forma, o meio virtual atende melhor a demanda de divulgação que os próprios shows, podemos ver pela rede muitas bandas que somente existem virtualmente, nunca tendo subido em palco, porem, com o bom numero de acessos. Estamos passando por um momento de quebra de paradigma e/ou consolidação de novos meios de comunicação, acreditamos que a divulgação deve ser constantemente repensada e redirecionada. Isso não é tarefa fácil quando se trabalha com recursos limitados.

VC - Vamos falar um pouco sobre os shows. Com pouco tempo de banda, vocês ja abriram um show do Krisiun. Como foi essa experiência? O que rola de diferença nos Shows "grandes"?
Edgar: Nossa estréia nos palcos foi abrindo para o Krisiun, e foi animal! Tocamos o set completo e a resposta do publico foi bem positiva. Acho que foi uma boa “prova de fogo”! Tocar ao lado de bandas que também curtimos é muito legal, chega a ter até um clima diferente! O frio na barriga com certeza é maior.. (risos)

VC - E atualmente, além do show do ultimo dia 14/08 com o Bandanos (SP), Red Dawn Season e Javalis do Pântano, a banda já tem outros shows marcados? Como esta a agenda da banda?
Edgar: Estamos negociando um show em Paranaguá, um em Ponta Grossa e mais um para Curitiba. Existe também a possibilidade de participação em um festival em Santa Catarina, estamos aguardando a confirmação. Em breve divulgaremos as datas.

VC - Em 2008, vocês lançaram o primeiro material, o EP intitulado “ULTRAVIOLENCE” e no final de 2009 anunciaram o CD "Since 1893". O que esta acontecendo para tanta demora?
Edgar: Infelizmente não vivemos somente para o REDTIE, todos estudam e trabalham, ai fica difícil para conjugar os horários para a mixagem. A gravação já esta pronta desde 2009, mas a mixagem ainda não. Já estamos revendo as possibilidades e o cronograma para finalizar as mixagens ainda neste ano de 2010.  O acidente com o Rodrigo também ajudou a dar uma esfriada na banda devido a suspensão temporária dos ensaios. Mas tudo já esta voltando aos trilhos. De qualquer forma, já disponibilizamos algumas musicas pré-mixadas no myspace!

VC - Esse EP fez com que a banda entrasse na cena da cidade, certo? Conte como foi a repercussão do EP?
Edgar: Foi muito positiva. A musica Ultraviolance, que dá nome ao EP, foi a primeira composta para o REDTIE. Tivemos resenhas muito positivas e, nos shows, varias pessoas já cantam junto. Com certeza é a nossa musica mais conhecida, o que não poderia ser diferente, já que esta é a musica de trabalho desde 2008. Disponibilizamos ela em todos meios de divulgação da banda por meio de downloand free. Regravamos ela para o CD “Since 1893”, só que com uma nova roupagem, muito mais rápida e com algumas mudanças no vocal. Acredito que ficou bem mais “violenta”.

VC - Sobre o CD, como foram as gravações e como será a divulgação desse material? Quais as dificuldades de lançar um cd de forma independente?
Edgar: A gravação foi tranquila. Durou cerca de 3 meses, porem, a mixagem que esta atrasando o lançamento, como já falamos. Temos algumas propostas de selos e gravadoras, mas nada certo ainda. O que temos conversado bastante, é sobre lançar o CD somente de forma virtual e grátis. Mas não temos nada decidido. Ainda temos duvidas sobre a viabilidade econômica de lançar um CD físico. O mercado para este material é muito restrito atualmente, alem disso, as novas gerações não tem a “necessidade” de comprar um CD e sim fazer o download. Estamos passando por uma transformação dos meios de divulgação e consumo da musica, assim fica um pouco complicado de sabermos onde investir. Sobretudo tratando-se do meio “metal”.

VC - Como vocês vêem a cena Metal underground de Curitiba? Vocês acham que tem união ou ainda existe competição e rivalidade entre bandas?
Edgar: Pergunta complicada. Curitiba não tem espaço para bandas de som próprio e isso é fato, sendo esta a única afirmação que posso fazer. Não sei se podemos pensar em rivalidades, já que os espaços são desiguais. O que posso perceber é que faz cerca de 10 anos, ou mais, que não temos pessoas (produtores e organizadores de eventos) realmente comprometidas com a cena, salva raríssimas exceções. Por fim, não vejo desunião, mas sim trabalhos isolados que quando se encontram acabam trazendo bons frutos. Em suma, a cena se constrói em função do publico, ficando o papel das bandas em um segundo plano, mesmo que este tenha destaca importância. Teríamos que fazer uma entrevista somente sobre este assunto para chegarmos a alguma conclusão.

VC - Chegamos ao final da entrevista, agradecemos muito a atenção e esperamos que esse novo material traga mais oportunidades para vocês! Deixe suas ultimas considerações para o Arquivo Metal CWB e seus leitores, e o contato pra galera conhecer o som da Redtie.
Edgar: Para conhecer mais sobre o REDTIE é só conferir o myspace (www.myspace.com/redtieband). Quanto ao Arquivo Metal CWB só tenho a agradecer o convite e ressaltar que esta foi a entrevista mais completa e pertinente que já fizemos. Continuem com este trabalho de qualidade. É sempre muito bom saber que ainda temos espaços de grande qualidade e respeito dentro meio. Obrigado e abraço para todos os leitores e equipe do site! Estaremos sempre disponíveis para vocês.

3 comentários:

Anônimo disse...

Grande Edgar. Além de tocar numa banda excelente, que é o Redtie, é da Cavera, torce para o FURACAO e é sócio de carteirinha da Baixada.

Fica 1 abraço

GUSTAFAH TERRORZONE

Vito Cuneo disse...

Ficou da hora.
abraço

Unknown disse...

Parabéns Redtie!!!! na caminhada do sucesso!!!!!!!!!! yeah!!!!!!!!

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