Por Vito Cuneo e Guilherme Carvalho
O céu acinzentado, o frio, o aspecto sombrio são algumas das características de Curitiba que a fazem ostentar um cenário propício ao underground. Generalizações à parte, nas escolas, nas faculdades, nos ônibus, no centro da cidade ou em qualquer lugar sempre tem alguém de camiseta preta com o nome de alguma banda estampada, cabelos compridos e fone de ouvido. A capital paranaense tem uma verdadeira legião de headbangers, seguidores dos mais diversos subgêneros do metal, dispostos a falar do assunto, tocar e ouvir.
Por outro lado, ainda são poucos os lugares para apresentação de bandas locais. Os insuficientes, mas importantes investimentos na área ainda não foram capazes de mudar um quadro bem manjado. Faltam espaços para as bandas locais se apresentarem. A frase “os curitibanos conhecem muito pouco das bandas curitibanas”, já foi tantas vezes repetida que praticamente virou clichê. Temos poucas casas de shows, podemos contar nos dedos, 3 no máximo (como do porte do Master Hall e Espaço Moinho, pois Hangar Bar e Blood Rock Bar, como o nome já diz são Bares e não casas de shows). Muitas bandas, ou melhor, muita competição entre as bandas, principalmente entre covers e próprias. Sem contar na geração emo. Entendam, não estamos criticando por criticar, não estamos fora do problema, afinal eu (Vito Cuneo) também tenho banda e nós curtimos Metal ha mais de uma década, observamos que a cada ano a nossa situação piora.
Para expor melhor nossa ideia, conversamos com quem está à frente e atrás dessa situação.
Atualmente, vemos em Curitiba a organização Damar 66, formada por 4 integrantes, conversamos com o Hamilcar. A Damar 66 é uma mini-produtora, segundo declaração do próprio Hamilcar. Visam organizar eventos de metal extremo, que é uma carência da cidade. Confira as palavras do próprio Hamilcar: "Pode chamar de uma mini-produtora, pois ainda estou há pouco tempo na produção de shows. Geralmente faço isso sozinho, tenho uma equipe pra ajudar durante o show, para fazer o máximo possível para realizar um bom evento, com o mínimo dos erros possíveis, e ainda bem que até agora isto funcionou direito, pois a equipe sabe trabalhar direito durante o evento. Em relação as datas dos eventos, eu procuro organizar algo diferente, trazer novidade, como metal extremo, são eventos que faltam na cidade".
Conversando com Hamilcar, vem coisa boa aí, e com certeza faremos a cobertura nesses eventos: "Já realizamos 2 grandes eventos. O primeiro foi o Thrash Metal Massacre, que juntou pela primeira vez em muito tempo 6 bandas de thrash metal estilo 80's. Esse evento teve uma boa resposta do público e a organização foi boa. O segundo foi o Curitiba In Hell Fest, de Black Metal, que teve uma resposta melhor ainda, também foi um ótimo evento. A aprovação do público nesses 2 eventos foi o motivo de continuar, tanto que já agendamos eventos futuros para junho, julho e setembro. O próximo será o Dead Shall Rise, o primeiro evento de Brutal Death Metal/Grincore de Curitiba (fora o The Matter of Splatter, que é um ótimo evento), ocorrerá dia 12 de junho. No dia 10 de julho vai rolar o Thrash Metal Massacre 3, que pela primeira vez, trará um show internacional, o At War, a lendária banda americana de thrash metal dos anos 80".
Hamilcar conclui que já tiveram dificuldades, primeiro na busca de um espaço. Atualmente ele trabalha em parceria com o Hangar Bar, o que facilita na organização e produção dos eventos da Damar 66. Outra dificuldade citada, foi em relação à duração de alguns eventos, que acabaram atrasando por problemas na própria organização. Ele procura melhorar a estrutura dos seus eventos, com melhores equipamentos, escutando as bandas no que elas precisam. Para quem tem banda isso é ótimo, seria um bom exemplo à ser seguido. "Tivemos dificuldades na organização do tempo, já tivemos atrasos e os eventos acabaram mais tarde do que esperamos. Geralmente isso acontece por causa das passagens de som, e falta de equipamento de umas bandas. No futuro procuramos colocar pelo menos uma banda praa passar o som antes da casa abrir, e tentar fornecer às bandas o que esteja faltando, como pedestal, caixa de bateria, etc.", concluiu.
Em 2009 tivemos 2 festivais que chamaram atenção, tanto pela seleção das bandas que participaram como na organização, mas em 2010 não deram as caras ainda, estamos falando do Debuia Metal e do Imortal Rock Festival.
Conversamos com Douglas, que organiza o Debuia Metal, sobre a dificuldade de organizar um evento Open Air. Douglas revelou que visitou vários shows em Santa Catarina, para ter uma base na organização do Debuia. Ele mantém uma parceria com Barão, ambos tocam na banda Brutal Sacrifice. O interessante da nossa conversa foi na intenção deles em organizar o evento, como o próprio declarou: "Não somos uma produtora de forma alguma. Não somos profissionais, nem empresários que estão visando lucros exorbitantes com eventos. É lógico que não fazemos nossos eventos para termos prejuízos. Organizamos estes shows porque curtimos metal e todo movimento underground".
Douglas revelou que no Debuia de 2009, foram 3 meses de trabalho. Tiveram alguns patrocínios, que não passaram de R$ 800, e o gasto total do evento foi em R$ 3 mil.
Completando a ideia sobre a importância de organizar evento e apoiar a cena metal, perguntamos ao Douglas sobre o ideal em organizar o festival, a declaração dele foi: "O ideal é reunir os amigos, é conhecer pessoas novas de outros lugares, é arrumar espaços pras bandas mostrarem seu som”[...] Eu acredito que quem deveria organizar esses eventos são os produtores, empresários, pessoas da mídia. Mas as próprias bandas precisam tomar partido" - diz - "Falta um festival Open Air no Paraná, eu acho que quando este tipo de pessoa (empresário) entra no negócio tira a essência do metal underground, penso que este tipo de evento deve ser feito pelo simples motivo de "curtir" o que se está fazendo, lógico que empresários são necessários. Mas nosso intuito é fazer um evento de qualidade com estrutura profissional, com bandas de primeira, mas com organizadores que curtem o que fazem. Inclusive todo nosso pessoal de apoio nos ajuda sem cobrar nenhum centavo por isso, é simplesmente paixão ao metal”.
Douglas ainda revelou que o evento de 2010, anunciado para abril foi adiado, pois tiveram problemas com o aluguel da área, confira o trecho final: “Este ano realizar o Debuia será uma questão de honra, e atrás dos bastidores já estamos fazendo nossas correrias. Até dezembro terá a 2ª edição, podem ficar tranquilos. Estamos trabalhando para manter a qualidade de 2009. Sobre o espaço, estamos negociando pra trazer para Araucária. Já que o espaço que tínhamos em Contenda o proprietário aumentou o valor do aluguel e ainda estamos negociando com ele. Estava tudo pronto, bandas, som, iluminação. Porém nos faltou fechar o local, o mais fundamental, pois precisamos de espaço para estacionamento, camping e estrutura para o palco”, finalizou.
Estava previsto a participação do Bira do Imortal Festival e também do Pedro da Neural Machine, mas até o fechamento dessa matéria, não conseguimos os devidos contatos, seria extremamente importante a opinião deles, mas fica para próxima.
O nosso leitor, deve estar se perguntando, qual a nossa intenção em abordar o assunto? Motivos, não faltam, hipóteses e soluções mais ainda, mas como já disse, não estamos fora do problema e nem somos dono da verdade. Conversamos com os maiores envolvidos, pois quem lida com os problemas são os organizadores e em breve vamos conversar com algumas bandas também.
Há pouco tempo atrás, Curitiba estava na rota dos shows Nacionais e Internacionais da cena Metal, com certa frequência eram produzidas matérias em revistas de metal de circulação nacional e até na grande emissora de televisão que domina esse país, exemplos não faltam, show do Iron Maiden e Nightwish, que já rolaram em Curitiba. Show do Pantera, que não foi autorizado pelo ex-governador da década de 90 (quem tem memória política sabe de quem estamos falando). Portanto, a nossa intenção de abordar esse assunto, é devido as dificuldades enfrentadas aqui, pois frequentemente perdemos espaço para outros estados e toda vez que queremos curtir um grande show, temos que ir para São Paulo. Em 2003 tivemos o fiasco do Kaiser Fest com o Deep Purple, em 2005, por muito pouco não rolou o mesmo com o Napalm Death no Espaço Callas e recentemente o show do WASP.
Quero mais uma vez reforçar que nossa intenção é chamar atenção da galera, mostrar o que estão perdendo, mostrar para o público metal de Curitiba que podemos (voltar) ser a capital do Rock.
2 comentários:
qual o contato da produtora damar66?
Anônimo, procura no orkut Damar66 q vc encontra.
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