Vito Cuneo – Das bandas curitibanas, que estão vivas, considero o Livin Garden uma das antigas. Se você não lembra, já tocamos juntos no extinto Opera1, quando a banda fazia um som diferente. Lembra? Vamos começar falando disso, como a banda começou e como ocorreram essas mudanças?
Gabriel Canoro: Não sei se somos realmente antigos, pois temos 5 anos de atividade somente. Não considero um período tão grande, mas é engraçado lembrar de várias bandas que existiam quando começamos e hoje não estão mais por aí, outras que também continuaram na luta, como o Terrorzone mesmo ou o .50 e também de vários acontecimentos dentro do Livin Garden: Oportunidades, convites, trocas de integrantes, diversos shows... Enfim. Mesmo nos considerando novos, já temos bastante história pra contar!
E sim! Lembro deste show no Opera1 com vocês. Lembro que não fizemos uma apresentação muito boa, (risos) Mas tudo faz parte do crescimento e experiência, e hoje estamos aí! Sobre a mudança no som: Acho que é somente uma questão de evolução... Quando começamos já sabíamos o estilo de som que queríamos fazer. nem todas as composições estavam realmente definidas, mas as músicas foram evoluíndo até chegar ao primeiro disco, "Where I Can Breathe". Pode ter certeza de que o próximo disco será um novo passo desta evolução. Creio que será bem diferente, mas ainda assim soando como Livin Garden.
VC – Sobre o nome Livin Garden, como surgiu a idéia?
GC: Fui eu mesmo quem criou o nome e o conceito. Parti do princípio de que não deveria parecer ou soar como qualquer outra banda. Quis fugir dos clichês do Metal e fazer algo que fosse realmente chamativo nos cartazes de eventos ou em qualquer lugar em que a logo aparecesse. Por isso o nome e as cores. Além disso, é fácil de ler e pronunciar, seja em inglês ou português.
Sempre gostei de coisas com significado. Acho que todas as coisas tem um porquê de existir, e com o nome da banda não foi diferente. Livin Garden (em português, Jardim Vivo) é basicamente o ambiente, o mundo em que vivemos, onde podemos escolher entre dar bons ou maus frutos a este "jardim". Acredito que os seres humanos estejam muito mais próximos da natureza do que estamos acostumados a ver, por isso fiz esta associação.
VC– Eu já vi vocês tocando covers do “Kiss” e do “Alice in Chains”, que ficaram ótimas por sinal, então, quais são as influências da banda?
VC – E das músicas próprias, como funciona o processo de composição? Vocês já tem algo novo pronto além de "Let It Bleed", que vem sendo apresentada nos shows?
GC: Basicamente alguém aparece com um riff, alguma idéia, ou mesmo uma música quase pronta no ensaio e nós vamos desenvolvendo. Isso para a parte instrumental, mas as letras são todas escritas por mim.
Qualquer música que façamos tem que agradar primeiro a nós quatro antes de ser divulgada. Se não for boa o suficiente, acabamos nem terminando. No momento, temos outras 3 músicas prontas além de "Let It Bleed" e várias outras em andamento. Estamos trabalhando sem pressa, reunindo só o melhor do nosso material.
VC – Como vocês fazem a divulgação da banda?
GC: Eu costumo dizer que estamos em todos os lugares e é verdade. Temos nosso site oficial (www.livingarden.com.br), Perfis oficiais do Facebook (www.facebook.com/livingarden)
Temos também nosso aplicativo para o Iphone, disponível para download gratuito no iTunes (http://itunes.apple.com/us/
VC – Recentemente, a banda esteve em tour pelos Estados Unidos, então, como é a cena la fora? Quais as principais diferenças de som e público, comparando com Curitiba.
Outra coisa bem legal em relação ao público é que eles têm interesse em conhecer novas bandas, novos sons. Não precisam de mais um cover do AC/DC ou do Iron Maiden. Eles preferem ver o som próprio das bandas, conhecer, comprar o material... Isso nos dava muito mais liberdade e baseávamos nosso set em nosso material. Sempre fechávamos o show com um cover, de qualquer maneira, mas era só isso. Em alguns bares, inclusive, era solicitado que não houvessem covers. Não preciso nem dizer que este tipo de atitude nos dava muito mais tesão em tocar. Além do mais, o show estando vazio ou não, todas as pessoas iam pra frente do palco agitar com a banda, curtir o som e se divertir. Sendo assim, era difícil ter alguma noite ruim. Realmente fomos muito bem recebidos.
VC - Sobre o som em estrutura e qualidade.
GC: A estrutura de som foi muito legal em todos os lugares. Por estarmos sempre no ambiente underground, não tinha frescura e nenhuma estrutura de grandes casas, e ainda assim o som era sempre do caralho e tudo era muito profissional. É só uma questão de saber tratar o Rock N' Roll e o Heavy Metal com respeito, da maneira que deve ser, tendo noção do que é preciso para que o som saia bom.
VC - Já se passaram 8 meses, certo? Então, qual sua opinião sobre essa experiência, saldo positivo?
GC - Cara, é um saldo extremamente positivo. Conseguimos uma visibilidade bem grande nos Estados Unidos, na Europa e mesmo no Brasil com essa Tour. Esse passo nos abriu várias portas, inclusive para futuros trabalhos no exterior e no Brasil. A abertura do Black Label Society aqui em Curitiba, outro sonho realizado, foi também consequência da USA Tour. Além disso, o que ganhamos de experiência de vida, botando o pé na estrada por nós mesmos, dirigindo um motorhome, vivendo da maneira que gostamos e conhecendo tantos novos lugares e pessoas... Nada no mundo paga. Foi um aprendizado muito grande.
VC – E agora, como está a agenda de shows?
GC: Temos um show acústico no Hangar Bar dia 16/12, pra fechar o ano. Fora isso, decidimos dar um tempo na agenda e nos focar somente nas músicas novas. Temos a intenção de entrar em estúdio no ano que vem e gravar um material que realmente surpreenda a todos! Já estamos vendo vários detalhes e provavelmente algo grande virá por aí!
VC – Vocês usam a música como profissão ou apenas "diversão"?
GC: Não conseguimos viver somente do Livin Garden, mas também não levamos a banda só como "passa-tempo". Fazemos tudo pensando em atingir o próximo nível, chegar a lugares novos e atingir pessoas diferentes. Queremos crescer cada vez mais.
VC - Com tudo o que vemos do Livin Garden por aí, posso perceber que vocês levam mesmo a música com profissionalismo. Sendo assim, poderia dizer como foi o processo da produção do álbum "Where I Can Breathe" e do clipe "Age of Lies"?
GC: O "Where I Can Breathe" começou a ser gravado em Setembro de 2007 e finalizado exatamente um ano depois, em Setembro de 2008. A gravação demorou a ser concluída por vários problemas internos no período, mas principalmente porque a formação da banda mudou praticamente por completo durante o processo, várias partes tiveram que ser refeitas, mas enfim... Coisas que acontecem. Fizemos tudo em Curitiba mesmo, no Studio Santa, com a melhor estrutura que pudemos achar no momento. O disco só foi de fato lançado em Agosto de 2009 porque houve um período onde estudamos algumas ofertas para o lançamento e distribuição, mas acabamos optando por fazer tudo de maneira independente, visto que na época era mesmo a melhor opção para a banda. Hoje, olhando para trás, só posso confirmar isso. Conseguimos levar nossa música para outros países como EUA, Espanha, Inglaterra, Filipinas, Alemanha e outros. Tudo com nosso próprio trabalho.
Tendo o disco compelto em mãos, precisávamos de um single de destaque e a escolha de "Age Of Lies" era óbvia, já que foi a música que teve maior repercussão entre o público. O clip foi gravado e produzido pela Spin Filmes e dirigido por Lelo Penha. As filmagens foram feitasm em um hotel abandonado em Curitiba mesmo. A gravação durou um dia inteiro, com uma equipe de 20 pessoas em média. A edição durou quatro meses. Todo o pessoal da Spin foi extremamente profissional e conseguiram deixar o video-clip muito acima das expectativas.
Independente do tempo que levamos para concluir os projetos, a principal idéia é sempre ter um material de alto nível. Não basta simplesmente querer aparecer. Preferimos pensar nas pessoas que vão de fato ouvir ou assistir ao nosso material e entregar algo de qualidade. Conseguimos.
VC – Qual sua opinião sobre a cena rock de Curitiba? Você acha que existem bandas parceiras na cidade ou rola uma rivalidade?
GC: Cara, posso falar somente por mim e acredito não ter rivalidade com ninguém. Muito pelo contrário. Sou fã e amigo de várias bandas locais como, por exemplo, .50, Krucipha, Epilepsya, Terrorzone, Necropsya, Semblant, Septic Brain, Ribas On The Rocks entre vários outros e, sempre que posso, vou conferir as bandas ao vivo porque sei que vai ser do caralho.
Quanto a cena, eu poderia citar diversos problemas que todos já estão cansados de saber, mas ao invés de reclamar eu prefiro fazer o Livin Garden funcionar e crescer. Talvez por isso tenhamos conseguido um reconhecimento legal no exterior e nossos trabalhos são sempre elogiados. Falar é muito fácil, mas são ações que fazem as coisas acontecerem.
VC – Estamos chegando ao final da entrevista, muito obrigado pela atenção e desejo sorte e vida longa ao Livin Garden. Pra finalizar, deixe um recado pro nosso público.
GC: Meu velho, eu gostaria primeiro de agradecer a você e ao Arquivo Metal CWB pelo espaço cedido e pela entrevista! Agradeço também a todos os fãs e amigos que sempre nos apoiaram e de alguma maneira, influenciaram o progresso do Livin Garden. Se você que está lendo a entrevista ainda não ouviu nenhuma música ou não assistiu a nenhum vídeo, não perca mais tempo! Para começar, confira aí "Age Of Lies":
Rock on!!!
Um comentário:
parabéns pela entrevista, vito. muito boa! e parabéns à banda também que, sem dúvida, atingiu um nível que poucos já chegaram.
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