6 de mai. de 2010

Entrevista: João Koerner fala da retomada do Greensleeves

O Arquivo Metal CWB entrevistou o baixista da banda curitibana Greensleeves João Koerner. Depois de lançar de forma totalmente independente o CD The Elephant True, em 2009, eles agora estão promovendo o trabalho e se preparam para viajar à São Paulo, onde participam da seletiva regional sul do Wacken Metal Battle, após terem vencido a etapa estadual. Eles se apresentam no dia 11, no Manifesto Bar, na capital paulista, juntamente com outras bandas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, respectivamente, em busca da classificação para a fase final. Na entrevista, João falou também da retomada da banda, depois de anos no limbo, e sobre a cena curitibana. Confira a entrevista:

Guilherme Carvalho: A produção do cd é independente?
João Koerner: Totalmente independente. A música toda foi gravada no home studio do Victor (Schmidlin, guitarrista) em Brasília. Viajamos um por vez pra lá para gravar... em 2008/2009.

GC: Como foi gravar um CD independente e com essa dificuldade também da distância?
JK: O processo de composição do disco acabou sendo realizado na base da troca de arquivos mesmo. Alguém compunha algo, enviava para os outros e nós íamos enriquecendo o material com outras ideias. Depois, com tudo pronto, coube ao Victor organizar tudo e iniciar o processo de gravação. Contudo, metade do material do disco foi composto na primeira fase da banda, quando todos morávamos em Curitiba, que vai de 95 a 98.

GC: Quanto tempo para produção e gravação?
JK: O restante do material é mais atual, composto de 2007 para cá, quando resolvemos reiniciar a banda. O processo todo; composição, organização do material, gravação... creio que quase 2 anos.

GC: Como está a divulgação do CD? Muitos shows?
JK: Bem, o show do Metal Battle, no Blood Rock Bar, aqui em Curitiba, foi o nosso primeiro, desde 1997.

GC: Sério?
JK: Sim! O último show que fizemos foi em 1997, no antigo Hangar. Um ano depois encerramos a banda, retomamos ela em 2007, como te falei, e fizemos o disco.

GC: Vamos falar um pouco disso, então. O que houve para esse tempo todo de reclusão?
JK: Em 1996/97 decidimos que não iríamos mais ser uma banda tributo, queríamos tocar o nosso som. Mas isso nos dificultou tudo, porque simplesmente não conseguíamos espaço para tocar em lugar algum. Salvo um ou outro festival. Essa situação acabou desanimando a banda. Depois tivemos uma mudança no nosso line-up e ficamos um tempão sem baterista, só compondo. Dae, nessa fase já estava todo mundo com emprego engatado etc. e a banda foi mesmo ficando de lado. Mas mantivemos forte a amizade e sempre conversávamos sobre gravar aquele nosso disco que não tínhamos feito no momento certo. O Victor foi para Brasília e lá, com o Caio Duarte, fundou o Dynahead. Antes do Dynahead lançar o primeiro disco, o Victor saiu da banda e me contatou, perguntando se eu o autorizava a tocar músicas da Greensleeves num projeto novo dele. Aí eu disse que era melhor retomarmos a banda de vez. Todo mundo concordou e fizemos o disco.

GC: A iniciativa partiu do Victor, então?
JK: Creio que sim. Eu aderi ao projeto e logo todos vieram junto.

GC: O Marlon Marquis (baterista) gravou o CD, certo?
JK: Sim, o Marlon foi baterista do Dynahead e participou com a gente da gravação do material.

GC: Mas saiu por quê?
JK: Como ele está morando em Florianópolis, ficou difícil pra ele continuar no projeto.

GC: E como o Luis (Requião) foi parar na banda?
JK: Chamamos então o Luis Requião, que já havia tocado conosco no passado e que sempre foi um grande amigo. Ele topou na hora. Começamos a ensaiar de novo e logo veio a notícia da nossa seleção para o Metal Battle.

GC: Vocês disponibilizaram muitas músicas do CD no myspace da banda. A internet tem colaborado para a divulgação da banda? Como vocês têm percebido a aceitação do público?
JK: A internet tem sido fundamental. Fizemos alguns contatos iniciais e começamos a enviar os CD’s para as pessoas. Logo resenhas começaram a pipocar, pedidos para entrevistas, o que nos fez acreditar mais no trabalho, porque, como te disse, a ideia inicial era apenas gravar o CD que não tínhamos feito.

GC: Você concorda que Curitiba dificilmente revela bandas para o cenário nacional?
JK: Bem, com sinceridade, eu acredito que a cena hoje é melhor que a da década de 90. Já falei isso para outras pessoas, que inclusive discordaram comigo. Eu realmente penso que temos e já tivemos bandas maravilhosas aqui na cidade, mas, infelizmente, não nos valorizamos.

GC: E porque isso acontece na sua opinião? É o velho autofagismo paranaense?
JK: Talvez. Mas as bandas paranaenses têm que lutar mais pelo seu espaço, né? Não adianta ficar sentado, esperando show pintar, gravadora aparecer. Aliás, do jeito que o negócio tá hoje, dificilmente uma gravadora irá apostar numa banda que não tenha um projeto legal já em andamento. Eu ainda acho que precisamos acreditar mais na nossa cena e parar um pouco de achar que o que vem de fora é melhor.

GC: Concordo, infelizmente. E as expectativas para a final do Metal Battle?
JK: Só poder participar do evento já foi um sonho realizado para nós. Dia 11 de maio, estaremos lá em SP para nos apresentar na "semi-final sul". Nem todas as bandas da nossa semi-final estão confirmadas, mas pelo que vimos o páreo será duríssimo, como já foi aqui em Curitiba.

Para saber mais sobre o Greensleeves acesse http://www.myspace.com/greensleevesbrazil

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