29 de jun. de 2010

Entrevista: Sergio Mazul fala do novo lançamento do Semblant, "Last night of mortality"

O Arquivo Metal CWB conversou com o atarefado vocalista da banda Semblant Sergio Mazul. Curitibano, 28 anos, ele conta os detalhes do trabalho que resultou no recém lançado álbum da banda "Last night of mortality", que chega às lojas com o selo da Freemind Records, reconhecida pela revelação de grandes bandas ao cenário nacional. Depois de lançarem um EP e o single "Sleepless", pelo Myspace, o Semblant apresenta novo guitarrista e se prepara para shows. Sergio conta esses detalhes e deixa um recado às bandas: "Curitiba tem muito mais espaço e estrutura para as bandas se profissionalizarem do que muitas bandas, inclusive, imaginam". 

Guilherme Carvalho: Qual é a sensação de lançar o primeiro CD?

Sérgio Mazul: Primeiramente, alívio. Estamos na atividade há 3 anos, demoramos para estabilizar uma formação e trabalhamos duro. Dispensamos diversas composições no decorrer do processo e escolhemos somente aquelas que realmente gostamos de ouvir e tocar. Não é a primeira vez que lanço um CD, visto que em 2007 lancei "Decline of the West" com minha outra banda Maelström, mas é a primeira vez que acompanho todo o processo musical, artístico e burocrático, tanto junto da banda, quanto junto com a gravadora, que é extremamente participativa em nosso trabalho.

GC: O álbum traz as 3 músicas do EP e o websingle "Sleepless". Como rolou a seleção das músicas que entrariam no "Last Night"?
SM: Sim, na verdade, traz versões "incrementadas" das músicas do EP, visto que refizemos alguns vocais, baterias, guitarras e teclados e o websingle "Sleepless" (exceto as versões acústicas das músicas do EP) com a faixa-título, uma vez que ela foi mesmo o single oficial antes do lançamento do "Last Night of Mortality". Selecionamos as demais faixas de forma pessoal mesmo, entre os membros da banda. Pensando cautelosamente nas que melhor soavam nos ensaios, nas que mais gostávamos de tocar ao vivo e nas que obtinham melhor resposta em todos os shows que fizemos antes do CD.

GC: Quer dizer que há outras músicas já prontas, mas que não entraram nesse álbum?

SM: Com certeza! Algumas não entrarão em álbum nenhum pois as abandonamos e não pretendemos voltar a elas. São ideias que consideramos imaturas comparadas às novas que temos hoje com o entrosamento que o tempo de banda trouxe ao grupo.

GC: E como tem sido a receptividade? Vocês têm tido respostas do trabalho, já?

SM: A receptividade está sendo ótima. Como lançamos o CD há 3 semanas, temos tido um feedback positivo do Brasil todo, que comprou inicialmente o álbum no site da Freemind Records e hoje já está podendo encontrá-lo nas lojas. Nos mandam e-mails, nos adicionam nas comunidades virtuais e além dos elogios e da empolgação, muitos estão nos chamando de "precursores do Vampiric Metal" nacional, certamente pela nossa relação com o tema e algumas características mais extremas da nossa sonoridade, que remete mesmo há algumas bandas que são caracterizadas desta forma no mundo. Nunca nos achei muito rotuláveis, mas até alguns músicos de bandas parceiras nossas que adquiriram o álbum comentaram a mesma coisa.

GC: Pois é. As letras das músicas, em geral retratam um mundo fictício, uma obscuridade surreal. Ou podemos entendê-las como metáforas para a vida real?
SM: As duas coisas. Na verdade, até o nome da banda e os símbolos que usamos, como a máscara, são metáforas contraditórias sobre um mundo sem personalidade. Algumas músicas, claro, procuram linkar, via características fictícias, emoções de caráter humano que vivemos dia a dia, como em "Legacy of Blood" e "End of Dusk (Legacy of Blood part II)" que são inspiradas na série "Underworld" e em demais filmes do gênero.


 
GC: Quem compõem as músicas?
SM: Não temos uma centralização nas composições, todos contribuem. Por exemplo, as duas que citei anteriormente partiram de nosso tecladista J. Augusto, outras de trabalhos meus e da Kátia, outras de nosso baterista. No momento, temos um novo membro na banda, o guitarrista Everson Choma, que entrou no lugar de Roberto Hendrigo. Everson entrou trazendo diversas ideias e composições novas que fez para a banda e estaremos trabalhando elas em conjunto. O processo sempre foi mais ou menos assim.

GC: Você tocou em uma questão que eu queria abordar. Porque o Hendrigo saiu?

SM: Vida pessoal e profissional repleta de outras atividades e prioridades que ele considerou escolhas mais urgentes para o momento em que está. Respeitamos muito sua decisão e desejamos a ele todo o sucesso possível nas novas empreitadas!

GC: Fiquei surpreso porque foi pouco antes do lançamento do álbum. E quanto à entrada do Everson Choma? Vocês já conheciam ele? Como foi esse contato?
SM: Já o conhecíamos pois ele estava tocando em algumas bandas da cidade. Certa vez, conversei com ele e ele me disse o quanto tinha vontade de ingressar numa banda séria e profissional, que investisse no trabalho e desejasse crescer e, enquanto isso não acontecia, investiria em sua carreira solo. Foi um processo natural. Sabendo disso e passando pelo momento da saída do Hendrigo, convidamos ele para uns ensaios. Ele topou no ato e o entrosamento também foi imediato, tanto musicalmente quanto pessoalmente! Ele é um guitarrista genial e um compositor acima da média, pois é multi-instrumentista e traz uma bagagem bem profissional em sua trajetória até aqui.

GC: Não é qualquer banda que assina com a Freemind. Eles são reconhecidos por lançar trabalhos de bandas que estão surgindo, ou seja, com potencial, certo? Como ocorreu esse contato?

SM: Contatamos algumas gravadoras desde a repercussão acima da média do nosso EP "Behold the Real Semblant". Quando chegamos neles, Rodrigo Balan,  responsável pela Freemind, demonstrou desde o início interesse em nos lançar. Conversamos muito e inclusive fomos até a sede do selo, em Mococa, no interior de SP, e tivemos ótimos momentos juntos, pois pensamos da mesmíssima forma, temos as mesmas metas. Acredito que fomos além do profissional, temos uma amizade e uma sinergia imensas que influirão diretamente nos resultados que o álbum está atingindo neste recente tempo de lançamento e nos que virão nas próximas semanas, sem dúvida alguma. Fora, claro, que a Freemind é hoje sim, o único selo que levanta e ostenta profissionalmente a bandeira do metal nacional. É uma honra sermos a primeira banda paranaense e claro, curitibana, a ser reconhecida por este selo que cada vez mais abre portas para seu nome e para o nome das bandas de seu cast ao redor do mundo.

GC: A Freemind fez a prensagem e tem cuidado da distribuição, certo? Mas o trabalho de gravação e masterização do álbum foi feito aqui em Curitiba.

SM: Isso mesmo! Estão cuidando da distribuição nacional e negociando licenciamentos internacionais. Agora gravação, mixagem e masterização foram processos feitos 100% aqui em Curitiba no Avantgarde Studio. Tanto Maiko Thomé, músico e produtor responsável pelo estúdio, quanto nós da banda em si, participamos ativamente do processo durante as gravações e também na finalização, para que ficasse tudo a contento nosso nos mínimos detalhes.

GC: Isso prova, de alguma forma, que as bandas tem opção de fazer um bom trabalho aqui em Curitiba, mesmo, não acha?
SM: Claro, sem dúvida alguma! Curitiba tem muito mais espaço e estrutura para as bandas se profissionalizarem do que muitas bandas, inclusive, imaginam.

GC: Bom, agora com o álbum lançado, vocês têm previsão de shows?

SM: Estamos agendando shows a partir de agosto. Já temos algumas datas fora de Curitiba, como por exemplo, o Night Metal Fest 2010, em Adamantina/SP, no dia 18 de setembro, representando Curitiba junto dos amigos do Last Sigh e provavelmente deveremos agendar algo por aqui para o mesmo período.

GC: Você, como dono de bar e músico, como tem visto o desenvolvimento da cena curitibana?

SM: Acho que, colocando os pés no chão, nunca estivemos em uma fase tão boa. Canto em banda e estou na atividade dentro da cena há 14 anos e vi muita coisa acontecendo. Acho que após alguns anos extremamente parados, hoje, bandas de todos os gêneros e subgêneros do nosso underground encontram espaço e boas oportunidades. Discordo totalmente da militância contrária e sem sentido que algumas bandas tem tido, dizendo que Curitiba é "um mato sem cachorro". Acho que para bandas que buscam boas oportunidades de mostrarem seus nomes e divulgarem seu trabalho, Curitiba tem espaço de sobra. Não falo pelo Blood Rock Bar e pelos diversos eventos, falo também pelo programa Rock Animal, na 91 Rock, do Beto Toledo, pelo programa Upload, na Tv Transamérica, e o Chaka que apresenta o programa. Acho que se você quer ganhar dinheiro com uma banda enquanto ela ainda não tem nome de peso no cenário, você deve desistir dela. Não há sentido em se contratar alguém que não possui um público condizente com o retorno necessário. Por isso, uma banda não difere de qualquer trabalho ou negócio próprio: você precisa investir nele, em divulgar o nome e a marca que ostenta, para que consiga mais abrangência e, por sua vez, conquistar maior espaço para obter resultados e exigir condições, comprovando que trará benefício para a banda em si, para o produtor do show e para, claro, o público do evento e da banda em questão. Oportunidades para divulgar e fazer a banda crescer, Curitiba tem de sobra e terá cada vez mais. Vocês do Arquivo Metal CWB são prova viva disso! Apareceram para valorizar o cenário e dar mais e mais oportunidade para quem faz, acontece e cresce no underground local.

GC: Valeu, Sérgio. Essa é a intenção mesmo. Acho que nossa entrevista prova bem o que você diz. Quando sai o vídeo clipe (Sleepless)?
SM: Estaremos soltando o videoclipe completo em conjunto com a Esclerose Múltipla Produções (responsável por todo o trabalho) no período entre a metade de julho e primeiros dias de agosto. Para quem ainda não assistiu, há um teaser/prévia do trabalho no Youtube e em todos os sites e comunidades relacionados à banda.

GC: Se quiser deixar uma mensagem aos fãs e aos colegas de profissão...

SM: Claro! Primeiramente, quero agradecer a você, Guilherme, pelo espaço e pela ótima entrevista. Quero agradecer a todos que têm nos apoiado, seja comprando o CD ou nos dando palavras de apoio, elogios e divulgado a banda para amigos e conhecidos que ainda não ouviram falar de nós. Aos colegas de profissão, só posso dizer que acreditem em seus trabalhos, em suas bandas. Busquem evoluir naturalmente e profissionalmente e invistam no sonho, porque de degrau em degrau, as coisas acontecerão a seu tempo. Obrigado a todos e BEHOLD THE REAL SEMBLANT!



Mais sobre a banda: http://www.myspace.com/semblant

4 comentários:

Anônimo disse...

yeah!
grande músicos, grande banda!
aguardo pelo clipe!!!

Anônimo disse...

é a prova de que bandas profissionais se dão bem e tem destaque nacional e internacional. Enquanto a maioria dessas bandinhas ficam reclamando de falta de apoio e de público. Quem realmente sabe o que está fazendo, tem talento e capacidade cresce e aparece!

Unknown disse...

É verdade. Profissionalizar o trabalho é imprescindível para fazer com que a cena cresça de fato.

AlexW disse...

Excelente entrevista!!
Também acho que espaço existe sim, e o que se precisa é trabalho sério e dedicação, como disse o Sergio.
O Semblant realmente merece as conquistas! Muito sucesso pela frente!

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