26 de abr. de 2012

METAL OPEN AIR: Do sonho a tristeza profunda!


Confira o artigo de Andre Smirnoff a respeito do cancelamento do Metal Open Air, publicado em seu site http://x-presson.com/. Ele esteve lá e conta como profissional do meio e fã sobre a decepção de ver a maior promessa de festival brasileiro de Heavy Metal ir por água abaixo: 

"Em 30 anos de Metal, vendo todos os tipos de dificuldades de bandas e produtores, eu já mais pensaria um dia em ter que passar pelos sentimentos tão tristes como foi de ter ido até o MOA.

Com um sonho que o Brasil estaríamos dando um passo numa direção em que se poderia ter um mega festival único e exclusivo de Heavy Metal no Brasil, e com muitas esperanças, eu como vários brasileiros e até estrangeiros seguimos de nossas cidades até São Luís.

Nunca imaginava que já no caminho começaria os cancelamentos de shows e os problemas que ainda estariam por vir.

Eu não estou aqui para defender ninguém ou crucificar ninguém, por isso segui a risca com o meu profissionalismo, tentando informar, trazer notícias, alertar, e tudo mais para as pessoas que não tinham acesso a informação alguma.

Em todo o momento do primeiro dia, ainda acreditei que mesmo com problemas, as bandas que já estavam na cidade ou que já haviam confirmado sua vinda, poderiam e fariam seus shows.

Foram muitos problemas para o público como falta de estrutura, segurança e qualidade de local do alojamento e alimentação. Assim também para todos da imprensa, que não tivemos nenhuma condição mínima de estrutura para um trabalho online e rápido como é os tempos de hoje, além de alguns problemas que o público também teve, como segurança de nossos pertences e alimentação.

As únicas coisas realmente boas do dia ainda foram às bandas que honrosamente, subiram ao palco e fizeram apresentações muito boas. A qualidade do som que para o público estava também muito bom. Apenas para os músicos que parecia que não estava. E a melhor, a liberação da área de fotos durante os shows inteiros de cada banda, um sonho de consumo, uma utopia para todos os Fotógrafos que sempre desejam não ficar limitados a três míseras músicas iniciais, e tem vontade de também registrar todos os momentos da banda em palco.

Mesmo assim no final ainda do primeiro dia, ficou uma esperança, um sentimento que poderia tudo ser resolvido, reparado, consertado e aprimorado para o dia seguinte, e que tudo seguiria e teríamos ainda os outros dias do festival pela frente. Pois assim eu já vi em outros eventos e festivais.

De verdade, eu como muitos músicos e público no primeiro dia, até acreditamos muito numa melhora e cheguei postar que apoiava o evento, e o deixei até quando fui…

No sábado, mesmo sendo já acordado por mais cancelamentos, e muitos rumores que tudo estava indo de mal a pior, segui com o meu grupo para o local do show. Ao chegar, já fui vendo que nada foi melhorado, condições precárias para galera do camping, que não tinham banheiros dignos e outras estruturas prometidas, nada foi visto, reparado, ou melhorado. Inclusive a nossa estrutura para a imprensa, que continuava a não existir.

…e assim quando constatei que não houve nenhuma melhora, logo em seguida, eu apaguei meu post de apoio.

Entendam que até este ponto, acredito que como eu, as bandas, todos nós ainda estávamos acreditando que mesmo tendo que “dar uma cota de contribuição” , para que este evento acontecesse, para nós valia a pena superar a falta de estrutura, a falta de organização, e tudo mais por acreditar neste bem maior, que seria o evento acontecer para o público. Só que nós, nós nos enganamos…

No evento, o único produto fartamente servido dentro das condições próprias para consumo, ainda era a cerveja, vendida em muitos pontos espalhados pelo evento e sempre gelada.

Chegando próximo ao palco e a área VIP, reparei logo que não havia nenhum tipo de segurança limitando o acesso, tanto que todos do meu grupo ali entraram e ficaram durante o dia todo e durante todos os shows.

Adentrando a uma área que nunca deveríamos ter acesso como foi no primeiro dia, pude começar a ver que os terceirizados estavam debandando, o som estava sendo retirado, e depois foi a vez da retirada de 14 dos 16 camarins.

Mas foi ainda durante a retirada do equipamento de palco que começou o público a ver que estavam acabando com o festival, e muitos vieram à beira dos palcos para cobrar uma satisfação. Um senhor de nome Marcelo, corajosamente pegou o microfone, chamando a responsabilidade, e também esclareceu os cancelamentos e as bandas que viriam ainda tocar naquele dia. Afirmou que havia fechado um pacto com o pessoal e que tudo iria acontecer, precisando apenas de 3 horas para colocar a o palco em ordem e iniciar os shows do dia.

Vi que o clima entre as produções de SP e SLZ estavam muito estremecidas e que também dentro das produções já havia dissidências, e profissionais se desligando por ter nomes a zelar e já temendo o pior.

Mesmo assim, com tudo que já estava começando a acontecer de ruim, fui tentando alegremente postando via twitter cada reconfirmação. Mas foi em meio à desmontagem total do som e luz do palco do lado esquerdo, que eu diria que foi o momento mais triste, pois foi nele que eu vi que era “O início do fim”. Esse foi o momento em que perdi todas as minhas esperanças e de que nada mais poderia me garantir que o “show iria continuar”.

Como todos nós sabemos, com o fim do excelente show do Korzus, foi também o fim do grande sonho de um dia podermos ter um mega festival internacional periódico só de Heavy Metal, e só nosso.

Por fim, logo após o show foi desmontado o som e iluminação do outro palco, e algumas horas depois veio a confirmação “não oficial” de pessoas ligadas as produtoras, bandas e conhecidos, de que realmente o evento Metal Open Air estava cancelado.

Mesmo com a nota oficial da Negri Concerts que saiu no, dia 23/04, a minha sensação ou o sentimento, que é de quem trabalha no meio de Metal, de quem realmente esteve lá, de quem se importa com a cena, e de quem também viu muita coisa dali de dentro dos bastidores ainda é de se sentir totalmente arrasado, desolado, muito decepcionado, chateado com tudo e com os acontecimentos. Meu maior sentimento ainda é estar muito triste. Não consegui ainda ter raiva, indignação, revolta como muitos naturalmente estão tendo. Pra mim houve danos em várias esferas, e ainda não consigo mensurar o grau ou a dimensão dos estragos realizados pelo fracasso do evento. Serão coisas que só o tempo dirá.

Com uma tristeza profunda,

Andre Smirnoff"

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