27 de mai. de 2012

Resenha: Paradise Lost - "Tragic Idol"



Quando olhamos para os 24 anos de carreira do Paradise Lost e analisamos cada álbum ao pormenor, entre muitos detalhes, aqueles que mais saltam à evidência é o caminho que este quinteto desenvolveu - uma verdadeira "montanha russa de estilos".

Senão vejamos, o início com Death / Doom Metal primitivo seguiu-se com uma caminhada trilhada por uma suavização gradual em que a banda não foi apenas experimentando, como ditou as regras e bases para uma infinidade de bandas a cada álbum que lançavam.

Esta primeira fase culminou com "Host"; um disco totalmente eletrônico com grande influência de um ícone da Pop / Eletronic Music oitentista - Depeche Mode, desprovido de qualquer elemento mais "Metal" e literalmente uma bomba que afastou quase metade da base de fãs.

Felizmente, não ficaram muito tempo neste terreno, pois o disco seguinte "Believe In Nothing" trouxe de volta as guitarras e Symbol Of Life" o peso, mas somente com o álbum homônimo voltaram a incorrer na aura metálica que caracterizou os trabalhos da primeira metade da década de 90, com o retorno dos solos e melodias memoráveis do guitarrista Gregor Makintosh que ficaram no eterno clássico "Draconian Times".

O excelente "In Requiem" cobriu-os novamente daquela aura fúnebre inconfundível e o retorno da voz ríspida de Nick Holmes, bem como o reconhecimento dos fãs e o regresso daqueles que abandonaram a banda no período dos álbuns experimentais.

"Tragic Idol", o novo disco destes senhores ingleses, antes de tudo, diz-nos que o anterior "Faith Divide Us - Death Unite Us", não foi apenas um refinamento do antecessor. Acredito que em "Faith...", começou um novo capítulo na trajetória desta banda incomparável. Como tal, este disco não é o novo "Icon" muito menos o novo "Draconian Times", mas é algo diferente embora tenha nele as características e detalhes que todos habituados com sua sonoridade (re) conhecem nos primeiros acordes. 

Há muitas passagens e riffs que remetem ao memorável "Shades Of God"; o som está mais pesado, a atitude mais "old school" e a produção sonora - embora deixe o som nítido de forma homogênea, tem um toque de crueza que contribui com a proposta do álbum.Portanto, "Tragic Idol" retoma o caminho do disco anterior e ao invés de lhe juntar mais pormenores, simplifica-o. 

Vozes femininas não são mais do que uma miragem, os teclados e a voz mais cantada de Nick Holmes, a melodia constante que emana das guitarras de Gregor Makintosh e Aaron Aedy (desde "Icon" que não as ouvíamos tão bem), as linhas de baixo precisas de Steve Edmondson e finalmente um baterista no nível do saudoso Lee Morris - Adrian Erlandsson (ex Cradle Of Filth), que contribuiu soberbamente com o peso que emana de cada faixa.

E como sabemos, é mais um ábum composto de novos clássicos que certamente irão confundir a cabeça dos músicos no momento de elaborar setlists para as turnês. Destaques inegáveis são "Honesty In Death" (single de divulgação - excelente vídeo), "Crucify" (riff sabbathico que conduz ao banging), "Fear Of Impending Hell" (a música mais Katatonia do PL!), "To The Darkness (riffs com a melodia típica da banda e refrão que emociona), a memorável faixa-título e "This Glorious End" - uma composição complexa e ao mesmo tempo agoniante!

Decididamente, custa acreditar que entre o seminal "Lost Paradise" e este 13º disco houve um "Host" ou "Believe In Nothing", mas Paradise Lost é isso; uma banda que nunca teve medo de experimentar e de abrir os seus horizontes musicais, mesmo que isso lhe valesse menos euros ao final do mês. "Tragic Idol", mesmo sendo um dos discos mais pesados que a banda já lançou, é quase um manifesto de um espírito "Rock N'Roll", de um grupo que não tem que provar nada a ninguém e que toca de uma forma tão descomprometida como nunca o fez. 

Desde já, um dos grandes lançamentos de 2012 e para ouvir em alto e bom som! 



 


Paradise Lost - "Honesty In Death"























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