A abertura ficou por conta da banda curitibana OVERDRIVE. Formada por Fernanda Hay (vocal), Luis Follmann (guitarra), Diego Porres (baixo) e Joel Jr (bateria), eles subiram ao palco pouco antes das 20h e construíram o repertório baseado no seu álbum debut e homônimo, lançado esse ano. É muito legal ver bandas daqui mandando ver, e fazer a abertura de shows internacionais é uma grande oportunidade para que elas mostrem a sua cara para um público que, embora esteja próximo, não conhece o trabalho de muitos artistas locais. Nesse sentido, a Overdrive trouxe a todos os presentes uma ótima apresentação. Me chamou muito a atenção o estilo musical deles: trata-se de uma banda de Rock pesado flertando com o progressivo em muitos momentos, com um lado Groove interessante e ótima performance individual dos 4 integrantes - muito técnicos.
A estrutura sonora e acústica do Teatro Positivo (excelente, por sinal) ajudou a banda, que capitaneada pela bela e competente Fernanda (canta muito a moça!), tocou 5 músicas: "Midnight Sunlight", "Love Tricks", "The Cave, "Overdrive" e "Circe", todas próprias e bem trabalhadas, com o show durando pouco mais de meia hora. A boa receptividade da banda fez com que muita gente ao final da apresentação comprasse o álbum deles pelo valor irrisório de R$10, inclusive esse que vos escreve (prometo publicar o review em breve).
Na meia hora que antecedeu a entrada do guitarrista sueco no palco, as dependências do local foram aos poucos se enchendo. Como o Teatro Positivo possui grande capacidade, ficaram sobrando muitos espaços, mas o público foi razoável (esperava mais gente). Por volta das 21h, as luzes se apagam e quando se ouve um solo neoclássico característico do dono da noite, boa parte do público, acostumado a ficar na "grade" nos shows por aí, se dirigiu para a frente do palco. Começava o massacre sonoro.
A atual formação da banda solo de Yngwie é composta, além dele na guitarra, por Nick Marino (vocal e teclado), Ralph Ciavolino (baixo) e Patrick Johansson (bateria). E o quarteto começa com "Rising Force", um dos maiores clássicos da carreira e que levou o nome da banda por muito tempo. Com uma performance bem acrobática, cheio de poses e brincando com sua tradicional Fender Stratocaster, Malmsteen mostrou bastante interação com a platéia, mostrando que músicos técnicos não necessariamente devem tocar de modo frígio. "Spellbound", faixa instrumental do último álbum, foi a primeira de muitas no estilo (a prioridade do show foi de músicas instrumentais). Na sequência "Damnation Game", originalmente na vóz de Tim "Ripper" Owens, foi tocada, ficando muito boa com Marino no vocal. Yngwie dá a primeira palhinha como vocalista com "Repent", mais uma do mais recente álbum.
Em seguida temos a sequência instrumental que foi para muitos o ápice da noite: começa com a clássica "Trilogy Suite Op: 5" descambando com passagens e fragmentos incríveis durando aproximadamente 15 minutos, onde Yngwie mostra toda a sua técnica de solos neoclássicos e domínio de pedais e distorções. Aqui cabe também ressaltar que o equipamento de som que Malmsteen trouxe para essa turnê (20 amplificadores Marshall - contando com os cabeçotes, apenas isso) somado à ótima estrutura de som e acústica do Teatro Positivo fizeram com que a qualidade sonora fosse impecável, muito bom mesmo. Um solo de bateria de Patrick precedeu "Heaven Tonight" que, imortalizada na vóz de Joe Lynn Turner, foi a última antes do encore, que apresentou como destaques "Black Star" (outra das que ele tocará sempre), "Cherokee Warrior" e finalizando com "I'll See the Light Tonight", clássica até os ossos. 1:40h de apresentação.
Pontos positivos, negativos e afins: tecnicamente falando, Yngwie J. Malmsteen é um músico excelente, um verdadeiro fenômeno. Todavia, a base da apresentação foram as músicas instrumentais, o que tornou o show um pouco cansativo em muitos momentos. Eu trocaria metade do set instrumental por músicas cantadas (ele tem um material muito bom de músicas nesse estilo), além do que o tecladista/vocalista, Nick Marino, canta bem, me lembrou um pouco o Tobias Sammet (Edguy, Avantasia) quanto ao timbre da vóz. Mas pra quem aprecia técnica guitarrística e Guitar Heroes o cara é um verdadeiro showman, valeu muito a pena o show.
Outro destaque importante foi em relação ao local do evento, o Teatro Positivo. Ver show em lugares assim é coisa de outro mundo, você pode ficar sentado a apresentação inteira que consegue tranquilamente ver todos os detalhes. Só a nível de comparação: você vai nesses shows grandes por aí, fica 4, 5 horas em pé, não pode arredar o pé do local pra não perder lugar, disputa o mesmo espaço com muita gente e quando chega a hora do show esperado você está destruído e acaba nem aproveitando. Por mim shows seriam sempre em lugares assim. Sem contar a estrutura para som e a acústica impecável, coisa de 1º mundo (única ressalva quanto à qualidade das luzes que poderia ser um pouco melhor). Mas enfim, espero que agora com essas Arenas modernas da Copa todos os grandes shows vão para elas. Poder chegar a hora que quiser pois vai ter seu lugar numerado te esparando e podendo ver a banda de qualquer ponto sem ser só no telão é outra coisa.
Set list:
Overdrive
Midnight Sunlight
Love Tricks
The Cave
Overdrive
Circe
Yngwie Malmsteen
Rising Force
Spellbound
Damnation Game
Repent
Overture / From a Thousand Cuts / Arpeggios from Hell
Never Die
Bardinerie / Adagio
Far Beyond the Sun
Acoustic Paraphrase
Dreaming (Tell Me) / Into Valhalla
Baroque & Roll
Rise Up
Trilogy Suite Op: 5 / Blue / Fugue
Drum Solo
Heaven Tonight
Prelude to April / Air
Black Star
Cherokee Warrior
I'll See the Light Tonight
Fotos: Carolina Delespinasse
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